ELIANA CAFFÉ
Eliane Dias Alves (SP 1961) É diretora e roteirista. Formada em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), em 1985. Durante a graduação foi assistente de direção do documentário Strip-tease (1988), do diretor Ivo Branco. Em 1987, estuda dramaturgia e roteiro na Escola Internacional de Cinema e Televisão de San António de los Baños, Havana. Retorna ao Brasil e realiza seu primeiro curta, O nariz (1988), que recebe o Prêmio Melhor Curta-metragem no Festival Internacional de Cinema de Oberhausen, Alemanha. O segundo curta Arabesco (1990), é vencedor de Melhor Curta-metragem no Festival de Gramado.
Nas obras de Eliane Caffé prevalece o hibridismo entre ficção e realidade e temas com preocupação social. O curta Caligrama, por exemplo, traz os moradores de rua de São Paulo, usando textos, sons e falas produzidos por eles. Cria uma atmosfera que mescla realidade e ficção, na qual estão em destaque os excluídos. Para ela, deslocamento em direção ao tema é fundamental.
Aqui vemos uma aproximação com o olhar e trabalho de Elyseu que também se jogou na estrada, buscando as narrativas locais, a interlocução com o regional e o registro documental como deflagrador de questionamentos e ação.
Elyseu nos seus documentários ao seu lado, não intervinha, observava e narrava, colocando-se como um contador e difusor de de nosso folclore, na luta de sua preservação. Já Eliana, usa de seu deslocamento para nos seus filmes agregar mudanças. Construir possibilidades. Trabalha o cinema como ferramenta social.
Vejo aqui outra similaridade de cunho filosófico, você só se afeta com aquilo que conhece. Se eu, por exemplo, não conheço um índio Pater Surui, não imagino a vida dele, nem sentirei empatia por ele e sua tribo. Posso saber por noticias sobre ele e até me preocupar, mas isso não me mudará o rumo do pensar ou agir. Já se houver uma construção de comunicação, um reconhecimento, não deixarei de me incomodar e tentar estabelecer uma relação que seja de respeito.
Assim, o trabalho de Elyseu e Eliana percorrem de formas diferentes um caminho linguistico.
Em conversa com a Via Cultural, por conta de seu Webinário que também faz parte deste projeto, Eliane falou sobre seu filme Era o Hotel Cambridge, que é extraordinário em vários sentidos. Fora do comum ou sem paralelo no cinema brasileiro atual, o filme é apresentado como resultado da criação coletiva da Frente de Luta por Moradia (FLM), do Grupo Refugiados e Imigrantes Sem Teto (GRIST) e da Escola da Cidade, com da direção de sua irmã Eliane Caffé, a partir do roteiro que ela escreveu com Luis Alberto de Abreu e Inês Figueiró.
O tema atual, relevante não reduz o drama dos refugiados sem moradia, brasileiros e estrangeiros, a uma trama romanceada. E o filme fica incríveis 4 meses no circuito comercial da cidade.
Se quiserem conhecer a cineasta e um pouco mais sobre seus filmes, assinam o Webinário no canal Via Cultural no YouTube. Link direto aqui no site pela agenda.